Na edição #84 da Guru Talks que foi ao ar no dia 29/05/2025, nosso CEO André Cruz com base em uma conversa inspiradora da Guru Talks com Marcelo Carvalho, o conteúdo aborda desde os primeiros passos com a IA que você “vê” até automações complexas que otimizam processos invisíveis. Entenda como a IA não substitui o humano, mas sim potencializa a produtividade e abre novas portas para o crescimento.
Prepare-se para uma visão clara sobre o futuro da IA e como ela pode ser sua maior aliada para ganhar vantagem competitiva no mercado atual.
Índice
- 1. Introdução: Guru Talks e a Jornada Empreendedora
- 2. O Encontro no Web Summit e a História da MyPubli
- 3. A Inteligência Artificial como Divisor de Águas: MyPubli e Lidrix
- 4. Mitos da IA: Milagres vs. Potencialização Humana
- 5. Níveis de Inovação com IA: Do Visível ao Automatizado
- 7. O Que a IA Não Faz: Emoção e Experiência Humana
- 8. A Chave para o Sucesso com IA: Comece Pequeno e Capacite sua Equipe
- 9. Conclusão: Oportunidade e Alerta para Empreendedores Digitais
Introdução: Guru Talks e a Jornada Empreendedora
[0:14] Em mais uma Guru Talks, tradicionalmente transmitida às quintas-feiras, pontualmente às duas da tarde no Brasil (e seis da tarde em Portugal), o anfitrião, que está há quase dois anos no ar sem falhas, deu as boas-vindas. As Guru Talks são um espaço dedicado a discutir conteúdos relevantes para o empreendedor digital, abordando estratégias, marketing e o dia a dia de quem atua no ambiente online. Em diversas ocasiões, o anfitrião compartilha suas próprias experiências e insights sobre a jornada da Guru, incentivando a interação com a audiência em suas transmissões ao vivo.
O Encontro no Web Summit e a História da MyPubli
[1:07] Nesta edição específica, que estava sendo gravada, o anfitrião mencionou que provavelmente estaria viajando. O André apresentou um convidado especial, Marcelo, a quem conhece desde 2019. O primeiro encontro entre eles ocorreu no Web Summit, em um período em que a Digital Manager Guru estava expondo seu trabalho no ambiente de startups do evento, após ter recebido um investimento. A conexão com Marcelo surgiu através de um conhecido em comum, e a amizade se solidificou entre conversas e cervejas, em um contexto que, curiosamente, o anfitrião pensava se tratar de um potencial investimento.
[2:02] A relação de amizade e acompanhamento profissional entre eles perdura por seis anos. André demonstrou grande respeito por Marcelo, que possui uma vasta e rica jornada nos mercados de publicidade, marketing, posicionamento de marca e branding. Marcelo atendeu grandes marcas e contas, trabalhando em agências de renome. Em 2019, quando se conheceram, Marcelo estava no processo de criar a MyPubli, uma agência focada em pequenos e médios empreendedores, um nicho muito similar ao da Guru. A MyPubli nasceu com a missão de auxiliar empreendedores que buscavam vender no digital, mas que muitas vezes careciam de recursos e conhecimento para gerenciar todas as frentes necessárias.
A Inteligência Artificial como Divisor de Águas: MyPubli e Lidrix
[3:02] Marcelo, felizmente, foi beneficiado pelo crescimento do universo da internet e, mais recentemente, pelo advento da inteligência artificial nos últimos dois anos. A IA permitiu que ele potencializasse enormemente seu negócio, especialmente nas áreas de marketing, posicionamento, campanhas, atendimento e segmentação. André, em tom descontraído, comentou sobre um post em seu LinkedIn relacionado à IA, sugerindo que os espectadores o procurassem para dar risada. Antes de trazer Marcelo Carvalho para a conversa, André compartilhou uma história pessoal e curiosa sobre ele.
[4:08] Marcelo cumprimentou a audiência, expressando sua satisfação em participar. André então compartilhou a história de Marcelo ser o “0,00001 da estatística”: ele e sua esposa, ao fazerem uma inseminação artificial, foram informados de que o risco de múltiplos era de 0,0001, mas tiveram trigêmeas. Marcelo confirmou a história, orgulhando-se de ser pai de três meninas inteligentes, um fato que, para ele, é o mais importante sobre sua vida.
[5:35] André pediu a Marcelo que contasse mais sobre sua trajetória profissional, além da MyPubli. Marcelo explicou que trabalhou em agências e departamentos de marketing de grandes empresas. A ideia por trás da MyPubli era criar planos de assinatura para que pequenas e médias empresas pudessem ter acesso aos mesmos talentos e profissionais de uma grande agência. Ele pontuou que agências de publicidade tradicionais, como as conhecidas no mercado, são inviáveis para pequenos e médios empreendedores devido à necessidade de mão de obra altamente qualificada. Mesmo com o surgimento das mídias sociais, a adaptação da linguagem publicitária para o digital e para esse público levou tempo. Para um simples post no Instagram, uma agência tradicional necessita de múltiplos profissionais (redator, designer, planner, especialista em social, etc.), o que torna o custo elevado.
[7:31] Marcelo explicou que a internet trouxe uma equidade de canais, permitindo que pequenas empresas coexistissem nos mesmos ambientes online que grandes corporações. No entanto, essa equidade gerou uma nova competição: a de qualidade. Enquanto uma pequena empresa poderia ter um “sobrinho” cuidando de sua presença online, grandes empresas contavam com profissionais premiados em Cannes.
[9:26] A MyPubli prosperou até a pandemia. O período da pandemia impulsionou o digital e gerou uma demanda insustentável por mão de obra, elevando os custos a ponto de inviabilizar o modelo original da MyPubli. Com isso, a empresa migrou para atender clientes de médio e grande porte, aplicando todo o aprendizado de seu modelo de economia. O verdadeiro divisor de águas foi a inteligência artificial (IA). A IA possibilitou a MyPubli entregar publicidade e marketing de baixo custo com a mesma qualidade de grandes agências, o que antes era uma ideia à frente do tempo.
[11:17] Ao aplicar a IA em seu negócio, a MyPubli alcançou uma eficiência notável, reduzindo drasticamente a necessidade de mão de obra qualificada. A IA quintuplicou a capacidade de entrega das equipes, otimizando o processo de criação. Marcelo e o anfitrião ressaltaram que, em vez de substituir colaboradores, a IA permitiu potencializar a capacidade das equipes, mantendo os funcionários no time e capacitando-os em IA para aumentar a produtividade.
Mitos da IA: Milagres vs. Potencialização Humana
[12:41] Antes de aprofundar no que aconteceu com a MyPubli, Marcelo abordou dois grandes mitos sobre a IA: o primeiro é que a IA faz milagres e opera sozinha, o que ele desmentiu categoricamente. O segundo mito é que a IA substituirá todas as pessoas. Embora reconheça que haverá impactos, como em outras revoluções tecnológicas (luz elétrica, carro, computador pessoal), ele argumentou que a IA cria muito mais funções do que substitui.
[15:29] O grande ponto, segundo Marcelo, é que a IA deve ser adotada com as pessoas no centro. Não se pode falar de IA sem considerar quem entregará o serviço e quem o consumirá. O verdadeiro ganho da IA não é trocar a hora do colaborador por uma hora de máquina, mas sim dar ao colaborador uma capacidade exponencial de fazer o negócio crescer e ser mais produtivo. O anfitrião complementou, ressaltando que grandes empresas tendem a ser cada vez menores em número de funcionários, pois um grupo menor de pessoas com IA terá um impacto cada vez maior.
Níveis de Inovação com IA: Do Visível ao Automatizado
[16:56] André perguntou a Marcelo o que ele tem visto na prática sobre a aplicação da IA por seus clientes e qual tem sido o principal motor para eles investirem nessa tecnologia. Marcelo explicou que o primeiro caso de sucesso foi a própria MyPubli. Esse sucesso levou à fundação da Lidrix, uma consultoria de IA criada para ajudar empresas a se beneficiarem da tecnologia sem promessas de milagres, mas sim exponencializando resultados.
[17:53] Marcelo dividiu as empresas que buscam a Lidrix em dois grupos:
- Grupo 1: Aqueles que buscam entender o que é IA e suas funcionalidades básicas (como gerar textos no ChatGPT ou fotos). Eles reconhecem a importância da IA, mas ainda não compreendem seu potencial.
- Grupo 2: Aqueles que já identificaram uma “dor” e sabem que a IA pode ajudar em tarefas repetitivas, buscando aproveitar o recurso humano para atividades mais estratégicas.
Em ambos os casos, a Lidrix inicia com um processo de criação de cultura e letramento sobre IA, abordando o que ela é, para que serve, seus limites e como compreendê-la. Marcelo então explicou os três níveis de inovação com IA:
Nível 1: IA que você vê funcionando.
[19:49] No Nível 1, a IA opera de forma visível. O ChatGPT, por exemplo, pode analisar o DRE de um pequeno empresário (versão paga, por cerca de 20 dólares mensais), respondendo perguntas sobre finanças, identificando custos e receitas, e oferecendo recomendações. Marcelo brincou que nem seu contador fazia um trabalho tão detalhado e acessível.
[21:17] Outro exemplo é a integração de um agente de IA no WhatsApp de uma empresa para atendimento 24 horas. Embora não seja idêntico a um humano, pode ser bastante humanizado. Marcelo citou um caso em que um cliente confundiu a IA com uma pessoa e tentou convidá-la para sair. A IA pode realizar agendamentos, consultar agendas (Google, Outlook), enviar notificações, e responder a dúvidas frequentes no site ou WhatsApp, diferenciando-se de chatbots tradicionais. O anfitrião complementou que a Guru utiliza IA fora do horário de atendimento para responder a clientes e, mais recentemente, para validar respostas de atendimento, analisando o tom e a compreensão da dor do cliente, e também para analisar interações de vendas, identificando pontos de melhoria para os vendedores.
[25:35] Este nível foca em atividades acessórias e complementares, onde a IA trabalha de forma mais simples e menos automatizada, auxiliando em questões operacionais e de suporte.
Nível 2: Automações mais complexas e processos autônomos.
[26:02] No Nível 2, a IA é voltada para automações mais complexas e processos com maior autonomia. Marcelo deu o exemplo de um escritório de advocacia onde a IA produz boa parte de processos judiciais automaticamente. Isso otimizou o crescimento do escritório, que, em vez de demitir advogados, pôde admitir mais clientes, pois a IA cuidava da parte burocrática e operacional. O objetivo é tirar a tela da equipe, ou seja, reduzir o tempo gasto em tarefas repetitivas.
[27:00] A IA pode registrar demandas em sistemas RP, criar pastas em plataformas como SharePoint, organizar documentos e redigir textos padrão automaticamente. O colaborador não “vê” a IA trabalhando; a informação simplesmente aparece pronta para aprovação. O anfitrião citou o exemplo da Guru, onde a IA sorteia SDRs, verifica o perfil do cliente, e está sendo preparada para recuperar conversas, verificar reuniões e atualizar o CRM automaticamente.
[29:21] Um grande benefício destacado é o ganho de produtividade, pois a IA não esquece informações e garante a padronização dos processos. Colaboradores podem focar na interação com o cliente, sem se preocupar em anotar tudo. Marcelo ilustrou o impacto ao sugerir calcular o tempo que um colaborador gasta em reuniões, atas, tarefas e compromissos, e como seria sua vida se tudo isso fosse automatizado. A IA não substitui o colaborador, mas potencializa suas atividades, ganhando tempo e qualidade.
O Que a IA Não Faz: Emoção e Experiência Humana
[32:37] Marcelo encerrou o tema do Nível 2 com um exemplo cotidiano: ele viu um letreiro do McDonald’s caindo e um funcionário correndo para arrumá-lo. Ele então brincou que “a IA não faz tudo isso, mas faz um plano de manutenção que é uma delícia”, antecipando problemas e evitando que situações como essa aconteçam, garantindo que a fachada, que é vital para a imagem da empresa, esteja sempre impecável.
[34:01] O André lançou a “pergunta de 35 bilhões de dólares”: o que a IA não vai fazer? Marcelo respondeu que a IA, apesar do nome comercial, não é “inteligência” no sentido humano nem “artificial” no sentido de ser completamente independente. Ela é “burra” porque depende da programação humana e funciona com tokenização, tentando adivinhar estatisticamente a próxima palavra em uma sequência.
[36:56] A IA, por ser um código de computador, não tem noção, não viveu experiências e, portanto, não consegue aportar cargas emocionais ou experiências vividas naquilo que está sendo construído. Ela não cria como os humanos; apenas recicla ou reorganiza informações já existentes, o que já é impressionante. O anfitrião concordou, destacando a capacidade inata do cérebro humano de fazer associações sem perceber, e como a diversidade de conteúdo consumido aumenta a criatividade. Ele usou a piada do “sobrinho que hoje faz vaquinha” como exemplo dessa associação inata.
[38:20] Marcelo, citando a neurociência, complementou que a quantidade de informações que adquirimos forma sinapses mais ricas e ativam diferentes áreas da memória. O envolvimento emocional com o meio e a informação interfere no registro da informação; experiências intensas são lembradas em detalhes devido à carga emocional. Essa lógica que envolve emoção, hormônios e gatilhos mentais é inerentemente humana e, segundo ele, basicamente impossível de ser reproduzida no curto prazo pelas tecnologias existentes, mesmo com computação quântica.
[40:12] A tecnologia, segundo Marcelo, apenas aumenta a capacidade de cálculo e entendimento matemático do mundo, fazendo coisas que não conseguimos na mesma qualidade. O anfitrião acrescentou que o cérebro humano não foi feito para armazenar informações, mas para responder a estímulos, ao contrário do computador. A junção dessas duas capacidades, para ele, é fantástica, e ele se sente grato por viver esse momento ímpar da humanidade.
A Chave para o Sucesso com IA: Comece Pequeno e Capacite sua Equipe
[42:04] André pediu a Marcelo para deixar uma mensagem final para a audiência. Marcelo iniciou sua mensagem enfatizando: “Não tenha medo de IA”. Ele desmistificou a ideia de que a IA transformará a realidade de forma negativa ou consumirá todos os recursos financeiros da empresa. Ele alertou que a maneira errada de implementar a IA é fazê-lo sem um propósito claro ou sem entender o retorno do investimento. O investimento em IA varia de acordo com o propósito, tamanho e complexidade da empresa, e se ela possui órgãos reguladores ou grandes volumes de dados que demandem preocupações com segurança da informação e infraestrutura.
[43:01] Marcelo aconselhou a começar com pequenos projetos e processos que gerem um impacto perceptível. O objetivo é que a empresa e a equipe ganhem confiança nos benefícios da IA, como economia e ganhos de eficiência. Ele também ressaltou a importância de envolver os colaboradores no processo, para que percam o receio e compreendam como a IA pode otimizar suas atividades. Marcelo sugeriu que os próprios colaboradores sejam incentivados a pensar em como usar a IA em seu dia a dia. Algumas empresas, inclusive, já recomendam ou exigem que os colaboradores tentem usar a IA ao máximo antes de considerar novas contratações, garantindo que a contratação seja feita pela razão certa e não para tarefas que a máquina pode realizar.
[44:57] A dica principal de Marcelo é: “Pense como a IA pode de verdade fazer a diferença no dia a dia dos funcionários, por eles e com eles junto”. Isso pode começar no Nível 1, com eles usando ferramentas como o ChatGPT para suas atividades, passando para o Nível 2, onde tarefas repetitivas desaparecem da tela e são automatizadas. O Nível 3, não tão aprofundado na conversa, envolve ter a IA no centro da experiência do consumidor, com o negócio baseado em IA e tomada de decisão estratégica impulsionada pela tecnologia, como no caso do iFood.
[46:26] Marcelo salientou que o Nível 3 é mais natural para empresas nativas digitais, mas pode ser implementado em qualquer tipo de negócio, seja físico ou online. O caminho, segundo ele, começa pelo Nível 1, para que todos ganhem confiança e possam acelerar para a transformação no Nível 2. Este momento histórico, comparável ao surgimento da internet nos anos 90, oferece uma vantagem competitiva para quem se antecipar.
[47:54] A recomendação final de Marcelo foi: “Comece já, não deixa para ver o que vai acontecer”. Ele alertou que, enquanto se espera, um concorrente pode estar implementando a IA e roubando clientes.
Conclusão: Oportunidade e Alerta para Empreendedores Digitais
[48:48] O André agradeceu a Marcelo pela conversa enriquecedora, elogiando sua trajetória e jornada no mundo do marketing. Ele compartilhou que a mídia e as redes sociais muitas vezes geram um “Fear of Missing Out” (FOMO) em relação à IA, fazendo com que as pessoas pensem que já estão atrasadas. No entanto, ele reiterou que 95% das pessoas ainda usam a IA para funcionalidades básicas, como gerar fotos divertidas.
[51:40] Ele concluiu com um alerta: “muito cuidado, é sensacional, mas todo cuidado é pouco, porque o tiro não sei qual é qual”. Marcelo, então, fez um jabá descontraído para a Guru, afirmando que quem não é cliente está “louco”.
[52:32] O André se despediu do Marcelo e da audiência, reiterando seu apreço pelo convidado e sua admiração por empreendedores que movem a economia. Ele reforçou o compromisso das Guru Talks de trazer conversas abertas e colaborativas toda quinta-feira. Por fim, fez o jabá de seu livro “Guia Politicamente Incorreto para o Empreendedor Digital”, onde compartilha dicas e alertas sobre o mercado online.