Na edição #112 da Guru Talks que foi ao ar no dia 11/12/2025, o nosso CEO André Cruz apresentou um plano prático para líderes de negócios digitais e SaaS atravessarem a crise com caixa, clareza e disciplina.
O artigo reestruturou os pontos do vídeo em 7 passos acionáveis para preservar liquidez, decidir com firmeza e manter crescimento sustentável, mesmo com a maré contra.
- 1. Contexto: crise global com agravantes locais
- 2. Regra histórica: “Fechem os portos, enterrem os mortos, cuidem dos vivos”
- 3. Mentalidade do líder: calma, fé prática e foco na influência
- 4. Decisões difíceis: rapidez, impopularidade e responsabilidade
- 5. Relacionamentos: transparência sem transferir o peso
- 6. Caixa é rei: defesa financeira e alocação inteligente
- 7. SaaS em crise: onde ganhar margem e eficiência já
- 8. Conclusão
Contexto: crise global com agravantes locais
[00:43] André explicou que a turbulência não foi exclusiva do Brasil, mas os efeitos locais tornaram-se mais severos pela combinação de gasto público elevado e pressão adicional sobre empresas e trabalhadores. Para líderes, a pergunta central foi: como se preparar para a crise que se avizinhava e sair do outro lado mais forte?
Regra histórica: “Fechem os portos, enterrem os mortos, cuidem dos vivos”
[01:40] Inspirado num episódio histórico de Portugal pós-terremoto, André traduziu a orientação do rei em três movimentos operacionais:
1) “Fechem os portos” — foco no básico
- Suspender apostas extravagantes e novidades de alto risco.
- Executar o feijão com arroz com precisão, reduzindo variabilidade e erros bobos.
2) “Enterrem os mortos” — sem caça aos culpados
- Parar a autossabotagem e a busca por vilões.
- Virar a chave para o futuro, centrando-se no que ainda podia ser feito.
“Cuidem dos vivos” — proteger o que ficou de pé
- Priorizar clientes ativos, produtos saudáveis e projetos com ROI comprovado.
- Elevar o nível de atenção para reduzir falhas operacionais.
Essência estratégica: em crise, simplicidade, foco e preservação de ativos valem mais do que ousadia sem liquidez.
Mentalidade do líder: calma, fé prática e foco na influência
[08:20] André reforçou que liderança exigiu serenidade quando o vento contrariou. A postura certa começava por:
- Respiração e presença: manter a cabeça fria elevou a probabilidade de soluções inteligentes.
- Fé prática: não sobre facilidades, mas na capacidade de encontrar saídas.
- Foco na área de influência: canais de notícia geraram ruído; agir onde havia controle acelerou avanços.
- Higiene mental: reduzir estímulos tóxicos (TV/YouTube) e voltar à leitura fortaleceu o discernimento.
Ponto-chave: sem preparo emocional, o resto do plano não se sustentou.
Decisões difíceis: rapidez, impopularidade e responsabilidade
[12:59] André relatou que crises pediram cortes, cancelamentos e replaneamentos — às vezes antes de doer mais.
Boas práticas destacadas:
- Decidir rápido para evitar perdas maiores (ex.: encerrar linhas deficitárias sem “arrastar a dor”).
- Assumir o peso: a responsabilidade não recaiu no colaborador. O líder carregou o fardo.
- Aceitar apostas: empreender foi apostar; ajustar a tese diante de novos dados foi maturidade.
- Pensar no todo: decisões duras em prol da perpetuidade do negócio.
Erros a evitar:
- Delegar culpa para o time;
- Procrastinar cortes;
- Confundir ego com estratégia (ex.: vaidade em eventos vs. retorno real em caixa).
Relacionamentos: transparência sem transferir o peso
[17:38] André lembrou 2021 como vale da morte da companhia. O time percebeu tensão, mas não sofreu pressão desmedida por metas inviáveis.
Diretrizes de liderança humana e firme:
- Comunicar com respeito, mesmo em desligamentos.
- Não despejar ansiedade sobre família e equipa.
- Construir lealdade de longo prazo com coerência e justiça.
Regra de ouro: pressão transforma, mas deve ser metabolizada pelo líder, não empurrada para baixo.
Como Construir Ativos a Partir do Zero
[25:56] A única “paz” operacional em crise veio do oxigénio financeiro. André defendeu:
Política de caixa
- Reserva robusta (empresa e família).
- Dobrar o crivo de gastos mesmo com caixa alto.
- Rever alocação: pausar patrocínios/eventos quando não geraram ROI direto e realocar para canais com probabilidade maior de receita.
Táticas práticas
- Simulações de stress: “Se a receita cair 50%, quanto tempo o negócio sobrevive?”
- Cortes recorrentes: custo é como unha, aparado sempre.
- Aproveitar oportunidades: liquidez permitiu comprar barato quando o mercado sangrou — sem comprometer a saúde.
SaaS em crise: onde ganhar margem e eficiência já
[31:28] André partilha:
Margem escondida em modelos “pague-se-vender”
- Em nichos com take-rate de 15%–30%, trocar a base de custos e reduzir intermediação elevou a lucratividade rapidamente.
Build vs. Buy
- Evitar desviar o time de produto para tarefas não core.
- Adotar plataformas especializadas acelerou “time to value”, reduziu folha e libertou engenharia para o que gerou receita.
IA como deflacionadora de custos
- Automação de processos, conteúdo e suporte reduziu custo marginal sem sacrificar a experiência.
- Atenção à qualidade: nada de shrinkflation de valor — reduzir custo sem reduzir entrega percebida.
Conclusão
[38:54] André sustentou que crises separaram adultos de crianças no jogo dos negócios. Fechar os portos, enterrar os mortos e cuidar dos vivos traduziu-se em foco no básico, abandono do passado e proteção do que gerou valor. Com calma, fé prática, decisões rápidas e caixa preservado, líderes atravessaram o deserto — talvez arranhados, mas vivos e mais fortes do outro lado.
Lembrete final: Caixa é rei, decisões importam e o líder não terceiriza o peso. Siga o plano, faça o que precisa ser feito e mantenha o rumo.